segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Guia completo de fotografia








Com o advento (ou maldição) das máquinas digitais a fotografia termina por virar um infortúnio. Na sociedade pós-moderna vivemos uma verdadeira obsessão pelo registro imagético! (hahahaha).

Com certeza essa facilidade nos trouxe muitas coisas positivas, contudo, acredito que a fotografia perdeu um pouco do seu valor, com essa facilidade tiramos tantas fotos que não nos resta tempo pra processar esse volume absurdo de fotografias.

Mas isso ainda não é ruim da história, o que acho pior são as tendências que se tem de tirar fotos em determinadas posições, por exemplo, formando estrela com os dedos, fotografando os pés/tênis, e é claro o câncer do auto-clique com biquinho, no qual o indivíduo se posiciona em frente ao espelho com uma câmera fotográfica ou um celular, e se fotografa podendo haver algumas variações, como inclinar a cabeça e para as mulheres fazendo um biquinho.

Então como uma solução (ou um paliativo) a essa estética medonha, hoje há uma inundação de publicações sobre fotografia no mercado, ano passado dediquei um tempinho para ler um pouco sobre fotografia, e do material que li um livro em particular me chamou atenção, foi o Guia Completo de Fotografia National Geographic, um trabalho que fornece um panorama geral para a fotografia amadora.

O livro foi escrito a várias mãos, todos fotógrafos profissionais, embora a maioria dos capítulos tenham sido escritos pelos Bob Martin, o livro também conta com a presença de Robert Clark, John Healey, Richard Olsenius, Robert Stevens, Debbie Grossman, Fran Brennan e Sherly Mendez. Além do olhar dessa galera toda, o livro também traz vários perfis de outros fotógrafos e alguns portfólios.

O primeiro capítulo do livro é dedicado a escolha da câmera, traz uma explicação densa sobre os modelos disponíveis, diferença entre modelos automáticos e reflex, aqui acho muito relevante a questão da resolução da imagem, muitos megapixels nem sempre é bom, as fotos ficam muito grande, e pra que uma resolução altíssima para tirar fotos toscas de animais de estimação?

O segundo capítulo Regras básicas, não é muito útil se você usa um modelo automático, porque ele fala bastante sobre os tipos de lentes e as melhores situações para cada tipo, mas a parte sobre a velocidade de obturação e as dicas de como lidar com a luz são muito úteis. Nesse capítulo a parte que mais acho relevante é a sobre a composição, essa parte dá mais possibilidade para fazer brincadeiras com enquadramentos, etc.
Atenção especial para a questão do flash, os flash desses modelos mais comum geralmente são muito fortes, além de incomodar quem está sendo fotografado a foto fica meio dura, meio seca ( é difícil explicar em essa parte). Então no lugar do flash, que tal experimentar um pouco com o preto e branco?

Seguindo são aduzidas as Técnicas avançadas, embora de forma superficial as explicações desse capítulo traz um apanhando sobre como fotografar cenas de movimentação rápida, como desfocar (intencionalmente), fotos panorâmicas, flashs com borrões, entre outros detalhes. Há também aqui, uma partezinha sobre a fotografia com filme, que abre uma gama muito maior de experimentação. Seguindo vem à parte dedicada aos retratos, com algumas dicas bem simples e prática, ficando a lição: Menos é mais! Então, PELO AMOR DE DEUS, sem aqueles retratos brega em janela, desentortem a droga do pescoço, isso é muito cafona! E tudo mundo na mesma pose, só se for em uma foto pra placa de formatura ou alguma coisa assim, caso contrario, JAMAIS.

Achei a parte sobre a fotografia aérea e da vida selvagem meio desnecessária (embora vez ou outra tenhamos que viver com alguns animais), já a parte sobre crianças (inquietas) é bem bacana, e traz ótimas dicas para os pais, tios e avós corujas.

O segmento sobre a natureza morta e fotografia macro é muito legal pra quem quer realmente aprender a fundo sobre fotografia, o livro vai apontar os caminhos (como já disse antes, de forma superficial), o segredo é pegar essas dicas e treinar, mas lembre de ir apagando as fotos que não ficaram boas na hora, depois a tendência é esquecer!

Um ponto que achei um grande diferencial nesse livro é o capítulo dedicado a fotografia com celular, embora não traga nada muito prático é legal por trazer alguns relatos de fotógrafos que aprenderam a usar (e abusar) desse dispositivo.

O capítulo seguinte é o Laboratório Digital, essa capítulo traz alguns poucos ponto positivos, mas é prolixo, e se debruça apenas em fotografias do tipo raw, específicos para fotográficos profissionais, o que fica perdido no meio de um guia para iniciantes.  Seguindo são feitas considerações sobre a questão da impressão, e como aperfeiçoar os resultados delas.

A partir do caítulo 5 (laboratório digital), chega a parte mais técnicas e específica do livro, que acredito que não seja de interesse de grande parte dos fotógrafos amadores, um pouco mais adiante é retomada a fotografia com filma, agora de forma mais detalhada. Nesse ponto assim como em relação as fotografias no formato raw, acredito que usa essas técnicas não precisa ler esse livro, mas de qualquer forma é legal ter um noção do que seja e como usar. Mais adiante é aduzida sobre a questão de como escanear fotografias impressas, essa parte é bem legal, embora seja meio prolixa também.

O penúltimo capítulo do livro é Arquive suas fotos, gostei muito desse capítulo (me lembrei muito da boa e velha biblioteconomia!), são dadas dicas valiosas de como arquivas suas fotos, de forma que você as encontre depois, e também sobre conservação, cuidado com a conservação dos arquivos em CD e DVD, eles tem uma vida útil determinada. Quando passamos as fotos de nossas máquinas para o computador, é muito bom “perder” um tempinho colocando nome nelas, facilita muito para recuperar depois, também são trazida uma lista de software que gerenciam suas fotos, são dicas como essa que fazem toda a diferença.

Encerrando o livro é trazido um ponto de vista sobre projeto, como organizar álbuns, fazer estampas, pôsters, cartões e outro exemplos, que na maioria são ideia bem kitsch. O livro traz algumas ideia bem interessantes, e principalmente dicas simples que fazem muita diferença estética, contudo é organizado de forma que resulta em muitos altos e baixos, com algumas partes demasiadamente chatas, mas num quadro geral, acho que o saldo geral é positivo.

Então boa leitura!

GUIA completo de fotografia National Geographic. São Paulo: Abril, 2008.

domingo, 1 de janeiro de 2012

O que é, afinal, Estudos Culturais?









Como minha primeira dica de leitura trago o livro O que é, afinal estudos culturais? Que  traz um conjunto de três ensaios, organizados pelo Tomaz Silva, sobre os Estudos Culturais, sua história, seu objeto de estudos, as metodologias que usa e sua evolução, sob a luz dos estudos que se tornaram referência para a área do conhecimento, que hoje é conhecida como Estudos Culturais.

Acho que esse livro é uma boa leitura, embora que traga apenas uma visão sem grande profundidade nos Estudos Culturais, tenho lembrado muito desse livro enquanto estou no facebook e vejo muitas imagens discriminatórias com relação ao funk, dizendo que funkeiro não tem cultura, entre outras coisas.

E um dos pontos chaves dos estudos sobre culturas é a mudança do conceito da própria cultura, onde antigamente era visto como o mais belo e produzido por alguém ou alguma sociedade e numa visão moderna é aceito o conceito de cultura como o produto de diversas práticas sociais. Então dentre as muitas coisas que o livro nos ensina, ele nos ensina a respeitar as diferenças e a não hierarquizar as culturas.

Bem, feitas essas considerações vamos agora dissecar o livro! O primeiro ensaio “O que é, afinal, Estudos Culturais”, também dá nome ao livro, escrito por Richard Johnson. Esse ensaio, o mais denso de todo o livro, aduz sobre a evolução dos Estudos Culturais, vendo-o como um movimento ou uma rede, tem como uma de suas mais fortes raízes os estudos da crítica literária, mas estabelece fortes relações com a Sociologia, a História, a Comunicação, entre outras.

O autor define ponto fundamental para a realização dos Estudos Culturais a crítica, que em virtude da sua abertura e versatilidade teórica, “apropria-se dos elementos mais úteis, rejeitando o resto” (p. 10). E é justamente a crítica feita ao marxismo que o autor descreve como uma das características mais forte dos Estudos Culturais.

É dedica grande atenção a criação de estratégias para uma definição, além da própria definição do que seria os Estudos Culturais, embora o autor conclua dizendo quem não seria vantajoso uma definição única. O autor segue explorando todos os fatores que influem no projeto, e realização, dos Estudos Culturais como a questão da abstração e subjetividade, as teorias, publicações, as formas de cultura, nesse ponto é salientada a importância da pesquisa de campo para os Estudos Culturais.

Ponto que merece especial atenção é quando o autor analisa as relações de poder, a predileção por determinados temas e a exclusão de outros. Ao longo do ensaio são apresentados muitos conceitos, que se mostram bastante complexo, o que junto aos exemplos, às vezes demasiados longos, dificulta a compreensão do texto.

Interessante como o autor vê os pesquisadores dos Estudos Culturais como leitores da sociedade, ponto que evidência a importância da etnografia para os Estudos Culturais.
O segundo ensaio é o da Ana Carolina Escosteguy, “Estudos Culturais: uma introdução”, no primeiro momento do texto a autora deixa claro que o objetivo do ensaio é o de apresentar a tradição dos Estudos Culturais.

Os Estudos Culturais nascem na Inglaterra, “sob o ponto de vista político, os Estudos Culturais podem ser vistos como sinônimo de ‘correção política’, podendo ser identificados como a política cultural dos vários movimentos sociais da época de seu surgimento” (p. 137), em todo o momento a imagem dos Estudos Culturais é de um movimento politizado.

Um marco para os Estudos Culturais é a criação do Center for Contemporary Cultural Studies – CCCS, por Richard Hoggart em 1964. A autroa cita, sem se aprofundar muito, três trabalhos como o alicerce dos Estudos Culturais, são eles: The uses of literacy (Richard Hoggart). Culture and society (Raymond Williams), The making of  the english woking-glass (E. P. Thompson).

A autora segue voltando sua atenção para o deslocamento feito pelo Estudo Culturais, como dos eixos de pesquisa, o próprio deslocamento geográfica, mas salientamos como mai importante o deslocamento do termo Cultura, que passa a ser visto como qualquer prática social.

Na conclusão do ensaio a autora reflete sobre a internacionalização dos Estudos e, por conseqüência, e surgimento de novos eixos de pesquisa, com, a pós-modernidade “Nova Era”, globalização, a força de migrações e papel do Estado-nação e da cultura nacional e suas repercussões sobre o processo de construção das identidades.

O último ensaio é “O Center for Contemporary Cultural Studies (CCCS) da Universidade de Birmingham: uma história intelectual”, escrito pela Norma Schulman. Este traz a história do CCCS através da visão dos estudos que exerceram (e ainda exercem) grande influência no pensar em Estudos Culturais.

O Centro nasce sob a direção de Richard Hoggart, que salienta que os Estudos Culturais, embora traga muito de outras disciplinas, constitui uma nova disciplina acadêmica. Que com seu objeto de estudo entra em conflito do o pensamento da elite.

É dedicado um breve espaço para falar sobre as origens de Richar Hoggart e Raymond Williams, e os pontos compartilhados por ambos na visão acadêmica.

A autor dedica grande parte de sua atenção aos “atritos” gerados pelos Estudo culturais, primeiro em dissonância com o pensamento da elite acadêmica, a resistência da Sociologia em aceitar os Estudos Culturais, por medo de perder seu espaço, e também a ruptura com a os Estudos Literários.

A autora firma dois momentos do CCCS a respeito da visão, no primeiro (década de 60), o foco era na reinterpretação marxista. No segundo momento (sob a direção de Hall) o foco passa a ser a cultura como espaço de resistência e conflito potencial.

Sob a direção de Stuart Hall o CCCS caminha rumo a uma convergência no pensamento e objeto de estudos com os estudos da área da Comunicação, em sua relação com a cultura de massa.

Um pouco mais adiante a autora retoma a criação dos Estudos Culturais ao falar do surgimento da Nova Esquerda, “um movimento político fortemente socialista, antiimperialista e anti-racista, favorável à nacionalização das principais indústrias e da abolição do privilégio econômico e social” (p. 186). E também algumas publicações como a revista New Left Review tem fundamental importância para a consolidação e a disseminação dos Estudos Culturais.

Uma visão interessante que a autora traz, é acerca de alguns problemas enfrentados pelo CCCS, como a resumida equipe docente, além de problemas financeiros e a possível assimilação pelo Departamento de Literatura da Universidade de Birmingham.

O texto é concluído de forma instigante, quando a autora, aduz sobre do movimento feminista e as questões de raça, e pergunta: Qual é o peso que se deve atribuir às questões de classe, gênero, e raça?

Por tratar-se de um estudo introdutório, como complemento aos ensaios, são trazidos no fim do livro uma bibliografia de documentos em suporte tradicional e também uma de sites relacionados aos Estudos Culturais, que abrem os caminhos para o leitor que deseja se aprofundar na área.


SILVA, Tomaz Tadeu da. [Org.]. O que é, afinal, Estudos Cultarais? Belo Horizonte: Autêntica, 1999. 

sábado, 31 de dezembro de 2011

Páginas e sensações





Olho para a capa, há algo que me atrai ali. O título me impacta de um jeito que me deixa desconcertado e curioso. Leio a sinopse. Meu interesse aumenta a cada caractere impresso, a cada concatenação de letras e sinais diacríticos. Não resisto. Abro-o e deixo minha mente viajar na imensidão de palavras; navego no mar de ideias e mergulho nos sentimentos plurais que me atravessam. Não há mais escapatória, estou preso à narração. Prendo a respiração a cada nova página, mordo os lábios enquanto meus olhos correm por entre as frases. Faço parte da história, ela já está incorporada em mim. Sorrio e choro, discuto com os personagens suas atitudes. Intrigo-me, fico magoado, aflora em mim a raiva e a agonia. Há momentos de paz? Alegria? Terror? Tristeza? As páginas vão passando e as sensações se misturam ainda mais. Já estou enebriado e entorpecido. Meus sentimentos foram triturados. Encontrei-me nu, despido do que sou. Milhares de cacos espalhados pelo chão. As páginas se vão, os parágrafos se encerram, as palavras terminam sua obrigação. A história teve um fim. Junto todos os pedaços de mim e faço um moisaico do meu novo eu. Aquele livro me mudou.

Este espaço está aberto para discussão e divulgação de leitura em geral. Sejam bem-vindos!